Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria.
Jorge Luís Borges

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Se tivesse um mês de vida...


Sei que tudo mudava... nada nunca mais seria igual... todo o tempo me iria parecer curto, iria querer lutar por fazer num mês tudo o que não fui capaz de fazer em anos. Diria do fundo do coração aquilo que sinto, que sempre omiti, que nunca fui capaz de aceitar. Talvez o medo de tentar ou simplesmente falta de coragem. Mas, sinceramente, se tivesse um mês de vida, faria aquilo que nunca pude, aquilo que a mim mesma disse proibido.

Não perderia tempo a chorar, a lamentar... talvez no início acontecesse, mas tenho a certeza que, mais do que nunca, a força que sempre interiorizei se iria soltar. Passaria os dias a sorrir, a observar o mar, os amigos... amigos, amigos que comigo sorriram, choraram, abraçaram, sonharam, caminharam, amigos que em todos os momentos estiveram presentes, me deram a mão, apoiaram e caminharam comigo. Mas desta vez não... desta vez tinha a noção de que iria caminhar sozinha... sozinha para outro lugar, lugar esse que desconheço. Um mês.. e aquilo que vivi, que aprendi até agora?! Realmente alguém disse e tinha razão: "A única coisa certa que temos é a morte".

Começaria por dizer que te amo, sim, amo... e claro que não te considero o homem da minha vida, mas, de momento, és tu que me fazes sorrir, olhar, pensar, amar, foste tu que, apesar de me magoares, também me proporcionaste grandes momentos, é a ti que devo muito do que sei, do que aprendi... e mais do que amor, és amigo, amigo de verdade.

De seguida, talvez me sentasse à conversa com os quatro melhores amigos que já fiz. Não iriam compreender, eu sei, se fosse ao contrário, eu não aguentava, eu também quereria ir. Mas não, nunca iria permitir que eles viessem comigo... podeiam chorar a minha morte, podiam gritar, mas comigo não vinham!

Ainda tinham muito que viver e, apesar de ser insubstituível, de alguma forma, queria que ficassem, que vivessem, que voltassem a sorrir! Os outros amigos sucediam depois e aí, aí seria mais difícil ainda... Como poderia eu dizer às pessoas que amo que ia partir sem as magoar? Ia custar tanto... o coração a mil à hora, a face desfeita em lágrimas, pernas a caminhar, mas no sentido do recuo, forças a esgotar e vontade de desistir. Família, amigos, conhecidos, amores... todas as pessoas importantes, ali, a olhar para mim, a sofrer por mim, a chorar por mim. Impotência... a melhor palavra que define o que eu sentiria ao vê-los assim!

Se tivesse um mês de vida, iria passá-lo com o que de mais maravilhoso existe na vida... as pessoas que amo e que me amam! Sinceramente, pergunto-me: Mas se eu sei que pode acontecer daqui a um mês, amanhã, ou mesmo hoje, por que não o faço agora? Por que não deixo as pessoas que amo com palavras bonitas todos os dias? Por que continuo a perder tempo com discussões e zangas, se o tempo é curto e eu nem sei até que ponto?

A única resposta que obtenho é que não sou perfeita, ninguèm é e, muitas vezes, aquilo que queremos fazer não corresponde ao que fazemos, aquilo que queremos sentir não corresponde ao que sentimos, pois não somos nós que comandamos, é o coração! Embora tenhamos noção de que pode acontecer, o medo de tentar incapacita-nos de o fazer...


Ana Filipa Rodrigues, 9º B

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